Economia

Volume de receitas do setor de serviços diminuiu 0,9% em fevereiro; aponta pesquisa

Em fevereiro, o volume de receitas do setor de serviços diminuiu 0,9% em comparação com o mês anterior. Essa queda superou as projeções do mercado, que esperava um aumento de 0,2%. Os dados são da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

Para Fabio Bentes, economista responsável pela análise da CNC, esse foi o primeiro resultado negativo do setor de serviços em quatro meses. Para ele, o que contribuiu para a queda foi o comportamento dos preços de serviços, que haviam ficado praticamente estáveis em janeiro. 

“Em fevereiro, houve um aumento no preço médio dos serviços de mais 1%. Além disso, o setor de serviço vinha de três altas consecutivas, todas 0,5%, o que não é um ritmo fraco se a gente considerar isso não é uma perspectiva anualizada, e é normal que haja esse tipo de ajuste”, pontua o economista.

Apenas os serviços prestados às famílias apresentaram um avanço no mês, com um aumento de 0,4% em fevereiro. Por outro lado, os serviços profissionais e administrativos caíram 1,9%, enquanto os serviços de informação diminuíram 1,5%, contribuindo para a queda no indicador geral durante fevereiro.

Turismo

Pelo segundo mês consecutivo, o volume de receitas do turismo registrou uma queda de 0,8% em relação a janeiro deste ano. No entanto, ao comparar com o mesmo mês do ano anterior, o Índice de Atividades Turísticas (Iatur) permaneceu estável, com um aumento de 0,3% pelo segundo mês seguido. 

Para a CNC, tanto  a diminuição na variação mensal quanto a estabilidade na comparação anual podem ser consideradas como resultados pontuais, uma vez que os preços dentro do setor já estão indicando uma tendência de queda ou desaceleração.

Expectativa

Bentes afirma que a expectativa para este ano é de um crescimento de 1,9% no setor, menor que os 2,2% do ano anterior. “Essa expectativa está associada à uma expectativa de menor crescimento da economia para 2024. O setor de serviços é o principal motor da economia, o que responde pela maior fatia do Produto Interno Bruto [PIB] no Brasil e nas demais economias de mercado”, ressalta.

Para o economista Luigi Mauri a perspectiva para o ano não é de persistência de baixa do setor, em vista da queda da taxa de juros.

Ele aponta que o setor pode sentir efeitos negativos de maneira mais robusta somente em um cenário de mais inflação e preço do dólar alto, caso ocorra reversão da queda da Selic.

“Por exemplo, com a inflação saindo um pouco mais do controle e, principalmente, com choques externos internacionalmente que levam a alta do dólar no Brasil é que o Banco Central reverteria essa tendência de queda da taxa Selic. E se ele mantivesse a Selic estável, ou subisse ela, o que é bastante improvável, aí o setor iria ter uma tendência de maiores baixas”, explica.

Ele destaca que a taxa Selic é importante para limitar algumas taxas de empréstimos, algo que as pessoas inseridas no setor de serviços utilizam com frequência.

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