Fenômeno climático El Niño e o aquecimento das temperaturas globais
De acordo com atualizações realizadas pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), o fenômeno El Niño tem grande probabilidade de se desenvolver ainda este ano. Como resultado, as temperaturas globais podem subir rapidamente.
O secretário-geral da OMM, Petteri Taalas, alerta que o desenvolvimento do fenômeno climático provavelmente levará a um novo pico no aquecimento global e aumentará a chance de quebrar recordes de temperatura.
FENÔMENO EL NIÑO
O El Niño é um padrão climático de ocorrência natural associado ao aquecimento das temperaturas da superfície do oceano pacífico tropical central e oriental, o fenômeno ocorre em média a cada dois a sete anos, e os episódios geralmente duram de nove a doze meses.
O evento natural está associado ao aumento das chuvas em partes da América do Sul, sul dos Estados Unidos, Chifre da África e Ásia Central. Por outro lado, o El Niño também pode causar secas severas na Austrália, na Indonésia e partes do sul da Ásia.
De acordo com Taalas, os últimos oito anos foram os mais quentes já registrados, no entanto, nos últimos três anos houve um resfriamento por conta do fenômeno, que atuou como um “freio temporário” na elevação das temperaturas.
O secretário-geral da OMM, afirma que o mundo deve se preparar para o desenvolvimento do El Niño, que além do aumento das temperaturas de calor, deve aumentar a seca ou chuvas em diferentes partes do mundo, e reforça a necessidade dos sistemas de alerta precoce.
Segundo o Petteri, isso pode trazer alívio da seca no Chifre da África e outros impactos relacionados ao La Niña, mas também pode desencadear eventos climáticos mais extremos em outras partes do mundo.
AQUECIMENTO DAS TEMPERATURAS
Segundo informações do secretário da OMM, onde afirmam que o fenômeno “El Niño aumentará muito a probabilidade de quebrar recordes de temperatura e provocar mais calor extremo em muitas partes do mundo e no oceano”. Durante o verão do hemisfério norte, que acaba de começar, a água quente do El Niño pode alimentar furacões no centro/leste do Oceano Pacífico, enquanto pode impedir a formação deles na Bacia do Atlântico.
Segundo a OMM, temperaturas no Pacífico centro-leste, na região da linha do Equador, chegaram a quase meio grau Celsius acima da média para esse período do ano. Na semana de 14 de junho, a anomalia chegou a quase 1 grau Celsius superior à média histórica.
PRESENÇA DO FENÔMENO EL NINÕ
A OMM considera que já há evidências que apontam “fortemente para a presença de condições de El Niño no Pacífico”. No entanto, condições atuais geram dúvidas sobre a amplificação e manutenção do fenômeno. Espera-se que dentro de um mês haverá um cenário mais consolidado que poderá permitir prever com mais exatidão essas condições do fenômeno
De acordo com Petteri Taalas “A declaração de um El Niño pela OMM é o sinal para os governos de todo o mundo mobilizarem os preparativos para limitar os impactos dele em nossa saúde, nossos ecossistemas e nossas economias”, e alerta “Antecipar-se aos eventos climáticos extremos associados a esse grande fenômeno climático é vital para salvar vidas e meios de subsistência”.
RELATÓRIO DA OMM
Um relatório da OMM divulgado em maio, previu a existência de 98% da probabilidade de que pelo menos um dos próximos cinco anos, seja o mais quente já registrado em toda a história, batendo o recorde de 2016, quando houve um ‘El Niño’ excepcionalmente forte. O relatório ainda alertou para a probabilidade de 66% de que a temperatura global média anual entre 2023 e 2027 fique mais de 1,5°C acima dos níveis pré-industriais há pelo menos um ano.
De acordo com Chris Hewitt, diretor de serviços climáticos, “Isso não quer dizer que nos próximos cinco anos excedam o nível de 1,5°C especificado no Acordo de Paris, porque esse acordo se refere ao aquecimento de longo prazo ao longo de muitos anos. No entanto, é mais um alerta, ou um alerta precoce, de que ainda não estamos indo na direção certa para limitar o aquecimento dentro das metas estabelecidas em Paris em 2015”.
ACORDO DE PARIS
O Acordo de Paris é um tratado global, adotado em dezembro de 2015 pelos países signatários da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC, acrônimo em inglês), durante a 21ª Conferência das Partes (COP21). Esse acordo rege medidas de redução da emissão de dióxido de carbono a partir de 2020 e tem por objetivo fortalecer a resposta à ameaça da mudança do clima e reforçar a capacidade dos países para lidar com os impactos gerados por essa mudança.
O efeito do fenômeno climático El Ninño sobre as temperaturas globais geralmente ocorre com mais força no ano seguinte ao seu desenvolvimento. Portanto, provavelmente será mais aparente em 2024.
Colaboração: Lauane Cristine